Entretanto, associação aponta o custo de produção como um dos desafios para a expansão do combustível
Celebrado nesta terça-feira (8), o Dia Mundial do Hidrogênio e das Células a Combustível foi criado em 2015, pela FCHA (Associação de Energia de Células a Combustível e Hidrogênio), com o objetivo de reconhecer a importância do hidrogênio limpo, que é produzido com emissões zero ou praticamente nulas.
A explicação para a escolha da data é engenhosa, a associação escolheu o peso atômico do elemento químico, que é 1,008, e pode ser representado como 10/08 no calendário.
De acordo com a Irena (Agência Internacional de Energia Renovável), o hidrogênio será responsável por até 12% do uso mundial de energia até 2050.
Com o hidrogênio alcançando essa representatividade junto com a queda do custo das energias renováveis e o desenvolvimento de equipamentos de eletrólise mais maduros, as possibilidades para essa tecnologia se tornarão mais acessíveis.
Porém, o hidrogênio tem muitos desafios pela frente antes de se tornar uma tecnologia acessível, dentre eles a diminuição de custo para a produção, por exemplo, de amônia ou atendimento ao setor de mobilidade pesada.
Outro gargalo é a mão de obra qualificada. De acordo com pesquisa do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o Brasil precisará formar, a cada ano, quase 3 mil técnicos e trabalhadores qualificados para garantir a expansão da produção do hidrogênio verde.
Brasil tem potencial de investimentos de US$ 200 bi nos próximos 20 anos
Sérgio Augusto Costa, presidente da ABHIC (Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis), ressalta o potencial gigantesco do hidrogênio verde brasileiro e seus derivados para contribuir com a transição energética a nível nacional e mundial.
“O país tem potencial de investimentos de US$ 200 bilhões nos próximos 20 anos, de acordo com projeção da consultoria McKinsey & Company, e pode vir a se tornar um dos maiores produtores e exportadores desse insumo”, comenta Costa.
Atualmente, existe uma grande quantidade de empresas nacionais e internacionais com projetos de hidrogênio verde e derivados (amônia, e-metanol, SAF-combustível sustentável de aviação, etc) em andamento no Brasil ou com a intenção de desenvolver projetos no país.
“Há diversos projetos em andamento em escala comercial, além de projetos-pilotos, e esse número deve aumentar consideravelmente após a aprovação recente das leis referentes ao Marco Legal do Hidrogênio e ao PHBC (Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono), o que traz mais segurança jurídica para investimentos nesse setor e pode ser considerado um marco para esse segmento”, afirma o presidente.
Vale destacar que, entre diversas vantagens competitivas, o Brasil já possui uma matriz de geração de energia renovável, com mais de 85% da capacidade instalada em fontes renováveis.
“Além de termos um sistema elétrico interconectado em praticamente todo o país, com mais de 170 mil km de linhas de transmissão. Isso nos permite usar os recursos naturais de cada região para a geração de energia renovável, como eólicas e solares no Nordeste, e hidrelétricas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, por exemplo”, enfatiza.
Desta forma, diferentemente de outras regiões, como os Estados Unidos e a Europa, nós já somos renováveis, enquanto esses países, além de fomentar a produção de H2 Verde, necessitam também viabilizar a geração renovável.
Além disso, segundo o Banco Mundial, o Brasil possui a maior reserva de água doce do mundo (13,2%), seguido pela Rússia (10%), Canadá (6,6%), EUA (6,5%) e China (6,5%). Portanto, não há necessidade de custos adicionais de dessalinização para a produção de hidrogênio e derivados.
Costa afirma que apesar de todas as vantagens competitivas, ainda há desafios de mercado que precisam ser superados, não só no Brasil, mas no mundo todo.
Um deles é a redução do custo para a produção de H2 Verde dos atuais USD 5 a USD 6/kg H2 para USD 1,5 a USD 2/kg H2, que é o custo de produção do H2 Cinza, ou seja, aquele extraído do Gás Natural, por meio da reforma do Gás Metano.
Esse é o processo mais comum de produção de H2 atualmente, e, portanto, é o benchmark, pois entende-se que a tecnologia de H2 Cinza está dominada e não deve ter avanços a longo prazo.
Segundo o presidente, outro desafio é a tecnologia utilizada, pois há, até o momento, três tecnologias concorrentes na produção de H2 Verde para se consolidar como a mais viável: eletrolisadores Alcalinos, eletrolisadores de PEM (Membrana de Troca de Prótons) e eletrolisadores de SOFC (Célula Eletrolisadora de Óxido Sólido).
Essas tecnologias são definidas da seguinte forma. É uma nova tecnologia, uma nova indústria, portanto necessita de incentivos financeiros e fiscais (tributários) para se desenvolver (diminuição de CAPEX e OPEX e aumento da performance).
“Levando em conta todos esses fatores, e as projeções já mencionadas, mesmo com desafios a serem superados, a expectativa é muito otimista quanto ao futuro do hidrogênio no país”, finaliza Costa.
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